Quem lê os blogs e sites que recomendo aqui, deve ter acompanhado o lançamento do Adidas Boost. A Adidas diz que irá revolucionar o mercado de running com um novo composto de entressola feito de TPU (Poliuretano termoplático) que dá 85% de retorno de energia a mais do que a tradicional espuma de EVA (Etil Vinil Acetato).
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Das questões levantadas (que eu faço coro) e as que eu tenho são as seguintes:
1) Onde estão os estudos comparativos com pessoas correndo de verdade em laboratórios de biomecânica? Como Peter Larson e Amby Burfoot disseram, não somos esferas de metal e nosso corpo tem músculo, tendões e articulações que se comportam de maneiras bem distintas. Também não somos "ovos" como na propaganda do "Gel" da Asics.
2) Maior retorno de energia se traduz em menor energia despendida na corrida? Em quanto isso afetará o rendimento do atleta? Porque esses dados não estão disponíveis?
3) Se o atleta tem boa técnica de corrida, ele realmente precisa de um calçado que melhora o retorno de energia?
4) Se a entressola aumenta o retorno de energia a níveis nunca antes vistos "nesse país" e até capaz de baixar para sub 2 horas o recorde mundial da maratona, isso não é uma ajuda ilegal, assim como foram considerados os tênis da Spira (leia aqui)?
5) Será que essa ajuda da entressola só é útil para quem usa o calcanhar para correr (que é menos eficiente), já que na corrida natural diminuimos o impacto da corrida ao usar o antepé e, portanto, geramos menos ação e reação do solo?
6) Adianta ter um monte de "retorno de energia" se o tênis pesa 280 gramas e tem 10 mm de drop? É sabido que o peso do calçado interfere diretamente na performance do altleta...
7) O tênis custa US$ 150 nos EUA, mais caro que um Nimbus, por exemplo. Quanto será que vai custar por aqui? R$ 700?!
8) Durante anos e anos o importante não era o amortecimento (ex. gel Asics)? Por que agora, de repente, para "revolucionar" a corrida, o retorno de energia virou a bola da vez?
9) Ser mais resistente a altíssimas e baixíssimas temperaturas vai adiantar algo para nós aqui no Brasil? Deve ajudar aqueles malucos que correm os 217 km da Badwater, com certeza, pois dizem que a sola do tênis derrete por lá (a temperatura chega a 55 graus...).
Lembrem-se! O mais importante na corrida é você, o seu treinamento e a sua técnica. Você é o protagonista. O tênis é apenas um ator coadjuvante nessa história. O Danilo Balu certa vez me disse uma coisa que se aplica diretamente a essa tecnologia: "o ser humano é muito arrogante em pensar que pode melhorar algo que passou por milhares de anos de evolução e seleção natural".
O amigo Antônio Colucci, que faz parte de um grupo de corredores que recebe produtos da Adidas com antecedência, reproduziu o release oficial da marca e dá mais algumas informações sobre o tênis aqui. Mais informações no site oficial da Adidas aqui
Outra pergunta:
ResponderExcluir10) Muitos medicamentos que trazem benefícios, muitas vezes apresentam também malefícios não previstos inicialmente (os chamados efeitos colaterais). Caso o tênis em questão de fato apresente benefícios, quais serão seus efeitos colaterais?
Sergio
ResponderExcluirUma dúvida, o corredor que faz o primeiro contato com o solo com a perna estendida para frente do corpo, e utilizando o calcanhar, como utilizaria essa tecnologia? Se há um efeito de resposta de 85% de energia, obedecendo as leis da física, o corredor não seria lançado para trás, já que toda ação leva a uma reação em sentido contrário e na mesma intensidade?
Abraço
Sérgio,
ResponderExcluirAcho questionável, mas vamos aceitar que exista, de fato, esse tal retorno da energia, apenas para fins de argumento. Pra mim, a grande questão é saber o que acontece com essa energia supostamente retornada. Não há qualquer razão para que isso se converta em movimento (pode até, como disse o Vinicius, virar movimento contrário). O mais provável é que ela seja absorvida pelo corpo do corredor na forma de choque maior.
Ou seja, se antes o mais importante era o amortecimento, temos agora uma suposta
tecnologia que maximiza o choque.
Ótima questão, Vinícius!
ResponderExcluirO Peter Larson fez uma analogia com uma cama elástica. O fato de termos mais retorno de energia significa que teremos mais desiquilíbrio ao corrermos?
ResponderExcluirEu sempre fico com uma pulga na orelha com essas supostas ajudas "tecnologicas" que supostamente nos deixam mais rápidos.
Abs
Sergio
Olá,
ResponderExcluirRespondendo ao Vinícius: em um ciclo de passadas as forças podem ser decompostas em vários vetores, independente do calçado ou da forma de pisar, se você se impulsiona para frente é porque a força resultante está para aquela direção e sentido. Assim não importa se o sujeito pisa com o calcanhar ou com a parte medial ou frontal dos pés:se há um retorno de energia ele será aproveitado no movimento da corrida.
Quanto ao questionamento feito pelo Sérgio sobre temperatura, creio que o fabricante quiz mostrar que o produto é durável, pois pelo que vi é um termo poliuretano, e esta classe de material, dependendo da maneira em que é apresentada (expandida) tende a ser perecível com o calor. Então me parece que a Adidas quiz dizer que desenvolveu um tipo de TPU expandido que é resistente ao calor (ao frio os PU's já são).
Quanto aos outros questionamentos vamos ver com o tempo...
Abraço para todos,
Wagner.
Oi Wagner,
ResponderExcluirAcho que a bricadeira do Vinícius se refere ao vetor de reação à pisada com o calcanhar. Quando pisamos com o calcanhar, a força de reação do solo é diretamente oposta à esse sentido - o famoso período de breque.
Abs e obrigado pela participação.
Wagner, obrigado pela resposta.
ResponderExcluirSim, entendo que a resultante será o deslocamento para frente, mas como o Sergio mencionou, em uma curva de impacto, fica claro o "breque" quando o pé toca o solo com o calcanhar. Também é visível a preocupação com esta região na construção do calçado, já que a maior parte do novo material está neste local. A questão é: se o proposta é a reação de impulsão causada pelo novo material, por que ele está em maior quantidade no calcanhar, já que isso vai ser uma força a mais para a musculatura absorver? Sim, porque a maior parte da impulsão, por parte dos pés, estão localizadas na parte frontal e medial... Veja a construção do Spira, as "molas" também estão nessa região.
Abraço,
Vinícius
Acho que há muito apelo de marketing e um pouco de fator cobaia... O apelo de marketing vem do vídeo que induz o espectador a acreditar que mais elasticidade do material é melhor que menos; o problema é que o vídeo compara placas de diferentes espessuras (há controvérsia sobre isto) quando o razoável seria comparar duas entressolas idênticas com materiais diferentes. O fator cobaia vem da resposta dos clientes ao uso do produto; como há poucos (ou nenhum) estudo científico sobre isto, vai ser verificado o resultado na prática mesmo... Enfim, as novidades estão aí para aguçar a curiosidade e ajudar as vendas.
ResponderExcluirSérgio,
ResponderExcluireu uso o modelo Energy Boost e recomendo até para treinos intervalados, regenerativos ou rodagens. Inclusive, pra quem está sendo introduzido às corridas de rua e costuma treinar muito em asfalto ou concreto (algo muito comum aqui em São Paulo e pouco recomendado).
Fiz testes em pista com tiros de 200m, 400m, 800m e mil metros. Onde cheguei a realizar 4K com tiros de 200m rápido e 200m devagar. Vários e vários ao longo de 20 dias. Nos testes, usei um Salcony Type A5, Adidas Adizero Pro e Nike Streak XC3, que são meus favoritos para pista. E intercalei com Energy Boost. Por incrível que pareça, na 1a. parte do intervalado, usava os modelos baixos. Na 2a. parte, usava o Boost. E, pela primeira vez, consegui realizar um treino intervalado com "split negativo!". Apesar de usar modelos flat na 1a. parte do intervalado (primeiros 10 tiros), e outro de amortecimento (10 tiros finais), e ser mais rápido na 2a.parte é intrigante não ? E o Adidas Energy Boost realmente ajudou, tanto na amplitude da passada como num melhor tempo. Eu realizei estes testes na pista do Sesi de carvão e na pista do Espéria (emborrachada). Estes modelos eu comprei e não estou aqui defendendo nenhuma marca. Não é marketing, o Boost realmente é um modelo muito bom. Obviamente, eu corro com a ponta dos pés depois de uma longa transição melhorando técnicas de corrida para tornar mais rápido e mais resistente. Nos últimos 4 anos testei muitos modelos de minimalistas, flats aos de amortecimento. De tudo, tornei usuário e amante dos flats. Mas este Boost me deixou ancioso para ver os novíssimos promissores modelos de competição que em breve a Adidas vai lançar com esta tecnologia Boost. Saudações. Belo site. Belíssimos textos. Humberto.
Oi Humberto,
ResponderExcluirTe devo uma Clínica, pois você pagou e não foi!
Olha, todos os treinos intervalados que faço são "splitando" negativamente. É uma questão mais de metodologia de treinamento. Não estou questionando sua performance, até porque vc é bem mais rápido do que eu. Mas acho difícil avaliar a eficiência de um calçado com apenas um treino. Se isso acontecer com frequência, já é um outro caso.
Por que você não faz agora uma experiência com outros modelos tradicionais para ver se ocorre a mesma coisa? Será que o amortecimento não faz com que você se impulsione com mais força? Teríamos que medir isso, não acha?
Mais algunas: Será que ele realmente não dá uma ajuda artificial (só uma pergunta), assim como foi considerado o Spira? O drop dele é grande e não alterou sua mecânica? Será que não foi efeito placebo? Se ele realmente melhora a performance, os estudos deviam ser abertos e expostos ao público, não acha?
Obrigado pela visita e pelo comentário!
Grande abraço,
Sergio
Sergio, eu acho que seus comentarios sao tendenciosos. Acredito que o produto carece de maiores estudos mas lendo o que vc escreve parece que voce esta determinado a desacreditar a tecnologia. De tempo ao produto, credito ao fabricante e respeito ao usuario.
ResponderExcluirEsse tênis é o melhor que já vi para jogar VÔLEI.
ResponderExcluirPULE e jogue o peso do corpo com toda a força sobre o calcanhar e não vai sentir nada! Quando se faz um salto na rede nota-se a diferença porque você é impulsionado para cima além do normal. não senti nada nas juntas do joelho mesmo com a impulsão alterada, simplesmente fantástico.
USC Financial Aid
ResponderExcluir[...]Adidas Boost: será que o “retorno de energia” é uma coisa tão importante assim? | Corrida Natural[...]
Olá. Só agora comecei a treinar com o boost. Primeiro fiz algumas corridas curtas entre 6 e 10kms. Mas quando tentei esticar os kms (15kms) lesionei-me. Comentei com alguns amigos e disseram-me que as corridas mais longas, acima dos 12 ,13kms com o boost tem provocado lesões em muita gente devido ao retorno muito agressivo do novo polímero/solado. Gostaria de saber se alguém tem mais informações sobre isso. Obrigado.
ResponderExcluirSergio eu corro com o adidas boost desde que lancou. Melhorei meus tempos super confortável. .pro dia a dia..e nas corridas de longa distancia mantém minhas pernas estáveis e sem pressão alguma. O tenis alem de bonito e excelente. .se vc nao gostou ou nao acredita. .q pena cara..uso e abuso dele na malhacao e nas corridas é show!!!
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