Terminado o treino, todos os atletas tiraram seus tênis/sapatilhas e foram para a parte interna da pista e fizeram o trote de desaquecimento descalços na grama.
Os consultores da Nike, que patrocinam o time de Stanford, perguntaram meio sem graça "O que acontece? Não mandamos tênis o suficiente para vocês?". A resposta de Vin Lananna foi mais ou menos o seguinte: "Não tenho como provar isso, mas eu acredito que quando meus atletas fazem isso, eles correm mais rápido e se lesionam menos". O consultores levaram essa conversa para os headquarters da Nike, que acabou criando o Free.
Aliás, esse história de atletas correrem descalços na grama após os treinos de qualidade é coisa muito antiga e tradicional entre a elite. Meu técnico, Wanderley de Oliveira me falou que todos faziam isso na Europa nos anos 1980. O fotógrafo Tião Moreira, que já foi um tremendo corredor, me falava que o técnico dele também mandava todo mundo tirar o tênis e correr descalço na grama para eliminar a energia "estática".
Mas então por que o Free nunca teve uma versão drop zero? Simples. Todos os estudos de biomecânica feitos para o desenvolvimento do tênis foram feitos com pessoas correndo descalças na grama. A grama é um terreno macio e ameniza o impacto causado pela pisada que começa pelo calcanhar. Portanto, quem usa o calcanhar para iniciar a pisada e corre descalço na grama, dificilmente muda esse padrão de pisada. Só para ser mais exato, drop zero é quando o tênis não tem diferença de altura entre o calcanhar e a frente dos tênis.
De qualquer forma o grau de dorsiflexão do tornozelo é menor, como se vê na foto, mas a pisada não começa com o antepé. (Leia a brochura completa da época de lançamento do Nike Free clicando aqui)

É por isso que não se cogitou tirar totalmente o salto do tênis. A única coisa que me intriga é por que os estudos não foram feitos com outras superfícies? De qualquer forma, o Free foi o primeiro tênis que foi feito pensando no funcionamento adequado do pé e foi feito à frente de seu tempo e quando foi lançado, em 2004, foi pouco compreendido. A própria Nike morria de medo que as pessoas se machucassem usando o tênis, tanto que recomendava que as pessoas o usasse apenas para fortalecer os pés e que não que fosse usado com muita frequência. Eu lembro que a caixa do Free vinha até com um plano de treinamento para que o uso do modelo fosse gradual.
O Free influenciou muitos minimalistas que vemos hoje em dia como as características de flexibilidade, segmentação do solado e forma larga. Até os modelos convencionais da Nike tem algo do dele.
A única coisa que não posso entender é o por que a Nike não dá um passo adiante nesse história de minimalismo e lança um Free drop zero. Penso aqui com os meus botões, que no momento em que ela fizer isso e usar a sua "fabulosa máquina de marketing", acho que a mesa vira de vez para o lado dos minimalistas de verdade. Isso se é que ela não anda preparando algo para o futuro. Será?
Quando eu servi o exercito, a gente corria de "Conga" e ninguém tinha nada. O exercito inteiro sempre usou Conga. E não era só os soldados (jovens). Os sargentos, tenentes,..., todos usavam. Na caixa da Conga não vinha nenhum plano de treinamento, alias nem tinha caixa.
ResponderExcluirPara quem sabe o que é Conga, dá uma olhada no google.