segunda-feira, 9 de julho de 2012

Quando não ouvir o seu técnico

Todos nós sabemos que temos dias e dias quando vamos competir e treinar. O colega de blog André Savazoni já escreveu sobre isso em um de seus posts.

Ontem, na Meia-Maratana das Cataratas, aconteceu comigo. Desde o início do ano venho tentando bater minha marca pessoal de meia-maratona. Na verdade o que eu queria mesmo era quebrar a barreira de 1h40. Corri duas meias em 2012 e quebrei nas duas tentativas – uma na Meia de São Paulo e outra na Golden 4 Asics de BH.

O meu técnico, Wanderlei de Oliveira tinha me orientado a fazer 4:53 min/km, o que predizia um resultado de 1h43 para então, sentar a moringa na Golden 4 Asics Rio para fazer sub 1h40. Ele também tinha pedido tal ritmo pois sabia que o percurso de Foz, apesar de rápido e ondulado e agora tinha duas fortes subidas.

Por estar trabalhando na prova, pude ter o privilégio de largar logo atrás dos atletas de elite e decidi ser conservador no primeiro km. Em geral fico sempre “ligado” no ritmo que estou fazendo na prova, deixando o visor do meu Garmin com o ritmo instantâneo, ritmo médio do km, ritmo médio total e o ritmo em que fechei o último km. Dessa vez, decidi deixar simplesmente o tempo total e a quilometragem, pois talvez dessa maneira poderia me sentir menos pressionado.

No km 3, quando parei de sofrer com o frio de 4 graus que fazia com que as “costas” das minhas mãos
ficassem doloridas, já tinha notado que já estava no ritmo programado pelo Wanderlei e o “problema” é que estava me sentindo bem. Sei que temos que ter cuidado com esse “estou me sentindo bem, acho que vou apertar o ritmo”, mas não conseguia me segurar. Para fazer abaixo de 1h40, é necessário fazer um ritmo médio de 4:45 min/km, o que significa passar os 10 km com 47:30. Passei com 47:50 e vi que talvez conseguisse o tão almejado tempo.

Do km 11 em diante, 2 km depois do retorno da prova (o percurso é de ida e volta, mas a largada fica 2 km adiante da chegada), um sujeito passou a correr do meu lado e nos fizemos companhia por cerca de 5 km forçando o ritmo. Foi no km 15, depois de tomar o isotônico fornecido pela organização foi que espiei pela primeira vez o GPS que já marcava 4:45 min/km de ritmo médio. Mas quem usa GPS, sabe que isso é falso. O GPS sempre apitava a passagem dos kms com certa antecedência, então para acreditar que conseguiria os 4:45 min/km, teria que fazer 4:43 min/km no Garmin para garantir o resultado real.

Já no km 18, vi que o sub era inevitável, e que era só manter o ritmo e não quebrar. Nesse instante, passa por mim um corredor da equipe dos Bombeiros do Paraná (que aliás, foram homenageados por seu centenário) e diz: “Somos dois!” e aponta para o seu Vibram Five Fingers.

Continuei em frente sabendo que os 800 metros finais da Meia de Foz eram em forte subida – só que antes dela, havia uma longa descida em que aproveitei para correr o mais rápido possível a fim de compensar o ritmo mais lento que teria nos finalmentes dos 21 km.

Foi ótimo avistar o pórtico de chegada, olhar o relógio e ver que tinha acabado de virar de 1:38 para 1:39. Acelerei e bati o cronômetro com 1:39:53 (no resultado final ficou 1:39:54).

Era realmente o meu dia. Sei que ainda estou curtindo o rebote fisiológico da Maratona de Porto Alegre, que mudei minha alimentação (papo para outro post) e que por isso emagreci 3 quilos. Tudo isso contribuiu para que eu batesse meu recorde mundial pessoal de Meia-Maratona e rompesse a barreira mental dos 1h40, que vinha me incomodando. Mas é óbvio, que sem o treinamento adequado não chegaria a lugar nenhum.

Ao Wanderlei, mandei a seguinte mensagem: “Chefe, não consegui fazer o programado. Me desculpe – Fiz 1:39:53!!! Obrigado!”.

Tem vezes em que temos que não escutar o nosso técnico, contato que façamos mais rápido do que ele(a) pediu. Ainda bem que deu certo!

12 comentários:

  1. E aí Sérgio, fui com minha equipe nesta corrida.
    O percurso é pedreira, não sei como mas os tempos saem lá !.
    Parabéns por seu novo recorde, sub 1h40.
    Também fechamos com recorde, mesmo achando esse novo percurso mais dificíl em relação ao de 2011. Fechei com 1h34min07 feliz da vida !!!
    Abraços, também acho que temos que abusar do ritmo para conquistar algo.
    corridaderuams.blogspot.com.br , passe lá p ver o relato.

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    Fala Rodrigo,

    O percurso ficou mais duro, mas muita gente bateu o recorde pessoal :)

    Prabéns também pelo seu resultado e por seu blog.

    Abs

    Sergio

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  2. Parabéns Sérgio, era o dia e você estava preparado!

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    Obrigado, chefe. Você tem sua parcela de culpa nisso :)

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  3. Luis Fernando @slowatforty9 de julho de 2012 às 08:19

    Mandando bem, Sérgio, parabéns. Ainda bem que tu não deu uma de Savazoni e fechou em 1:40:00

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    Valeu, cornetão!

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  4. Que legal amigo , fico feliz por você . abraços

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    Obrigado Fabião!

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  5. Sérgião, belo relato, belo tempo. Iria perguntar o que você usou no pé para correr, mas já obtive a resposta no seu próprio post. 1.39 nessa meia é um resultado sensacional, depois quero saber da sua alimentação, que certamente ajudo-o nessa melhora assim como a perda de peso! Parabéns!

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    Obrigado Nathália,

    O lance da alimentação vou contar em outro post, mas posso dizer que cortei todos os carboidratos, exceto os que vem das frutas e leguminosas. Está fora também tudo que vem do trigo e etc. como macarrão e pães, por exemplo. Emagreci e estou rendendo melhor nos treinos. É basicamente isso - depois escrevo sobre isso quando tiver outros resultados nas mãos para poder me sentir mais confiante sobre o assunto.

    Abs

    Sergio

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  6. Fez 01:39:53 porque você estava correndo contra o vento, não é verdade? (risos) Se estivesse correndo a favor do vento...

    Parabéns Sérgio Rocha! A medalha é bonita?

    Como foi respirar correndo dentro da "geladeira"?

    A gente treina e corre...
    ...corre e treina sempre dentro das CNTP (Condições Normais de Temperatura e Pressão)
    A gente "judia", no bom sentido, da musculatura e dos tendões para que esteja preparado, com sobras, para a prova...

    Já aconteceu com você de não ter dores, não ter cãibras, ou seja, a parte física estar 110% mas começar a falhar na respiração? Minha última corrida foi assim. Dá uma raiva com misto de desespero.
    Dificulta mais ainda quando estamos de cara com um vento "polar", não é verdade?

    Você disse: "- No km 3, quando parei de sofrer com o frio de 4 graus que fazia com que as “costas” das minhas mãos".
    Mas isto não significou que parou de sentir frio, não é verdade? Você conseguiu se adaptar ao que não estava ao seu controle, correto?

    Normalmente, você inspira quantas vezes para quantas expiradas? O tempo de inspiração/expiração é em compasso com as suas passadas ou tem outra referência? Essa correlação se modifica durante a corrida? Qual a sua técnica de respiração?

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    Grande Hélio,

    Cara, não presto muita atenção ao jeito que estou respirando. Pelo que eu saiba, nós somos os únicos mamíferos que temos a respiração que independe do ritmo de passadas - parece que o cavalo da dois passos, respira, dois passos expira. Por isso que somos uma boa máquina de correr :) Acho que a respiração acaba funcionando de acordo com o nosso ritmo, condicionamento e fadiga.

    Quanto ao vento, não me lembro dele nem na ida, nem na volta....rs Lá na Meia do Glaciar o vento foi um pouco mais radical - rajadas de tudo quanto é lado, mas nas Cataratas não foi um fator que tenha contribuído ou atrapalhado.

    Quanto às costas da minha mão é que no km 3 o corpo aqueceu e se adaptou à temperatura da prova. por isso parou de doer :)

    Abs

    Sergio

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  7. É isso ai Sérgio! A temperatura baixa ajudou muito. Talvez esteja ai um fator que não tenha sido considerado no planejamento do ritmo da prova. Abcs e parabéns! Ano que vem pretendo correr esta prova.

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    Grande Leo sub40,

    Não acho que foi somente isso, Leo. Era o dia mesmo :) Como próprio Wandelei disse, era o dia e eu estava pronto e preparado para a performance, mesmo que tenha sido sem o planejamento, até porque tinha tentado duas vezes esse ano e tinha fracassado.

    Abs

    Sergio

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  8. Mauro Leao - Goiânia10 de julho de 2012 às 06:38

    Parabéns! Estas surpresas são as melhores! Se em POA vc terminou com aquele sorrisão, domingo então...rs Abs!

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    Valeu Maurão :)

    Abs

    Sergio

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  9. Qual o calçado, Serginho? Sola, sandálias, minimalistas...?

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    Fala Nishi,

    Fui de Vibram Five Fingers KSO

    abs

    Sergio

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  10. Parabéns Sérgio!
    Treino = Resultado
    Abraços

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    Valeu Fausto.

    Assim como disse na Maratona de Porto Alegre: faltou você lá, brother :)

    Abs

    Sergio

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  11. Parabéns pelo recorde pessoal!

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    Valeu, Leo. Parabéns pelo sua Maratona no Rio.

    abs

    Sergio

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  12. Olá Sergio,parabéns pelo seu recorde,também fiz novo recorde pessoal concluindo a prova em 1:36:23.Participei da prova no ano passado e achei o novo percurso mais difícil do que o percurso anterior devido a uma maior variação altimétrica(no percurso de volta 2 subidas próxima ao hotel da Cataratas e a subida final dificultam a manutenção do ritmo).O clima favorece o bom desempenho.Abçs corridaderuams.blogspot.com.br

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    Oi Sacadura,

    A temperatura ajudou e todos correram bem. Acho relativo afirmar que o percurso ficou mais difícil como muita gente correndo melhor que nos anos anteriores :)

    Gostei do seu blog!

    Parabéns também pelo seu recorde pessoal.

    Abs

    Sergio

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