quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Novo estudo diz que é necessário mais tempo para se adaptar aos VFF. Nós complementamos: cuide do fortalecimento específico.

O treinador e presidente da ATC-SP (Associação de Treinadores de Corrida de São Paulo), Nelson Evêncio, me alertou para o estudo "Foot Bone Marrow Edema after 10-week Transition to Minimalist Running Shoes" (ou "edema nos ossos dos pés após 10 semanas de transição aos tênis minimalistas"), que sairá na próxima edição do Medicine & Science in Sports & Exercise, o jornal oficial do American College of Sports Medicine (o artigo foi disponibilizado antes da publicação do jornal). O treinador Scott Douglas teve acesso ao estudo completo e fez uma matéria sobre ele na edição on-line da revista Runner's World americana (leia aqui). O estudo foi comandado Sarah Ridge, doutora em biomecânica e professora assistente da Brigham Young University, Utah, EUA.

Resumidamente, o estudo selecionou 36 corrredores que nunca tinham corrido com os VFF, que não tiveram nenhum tipo de lesão nos membros inferiores nos últimos 6 meses anteriores à pesquisa e que corriam pelo menos de 30 a 50 km semanais. Antes do estudo foram feitas ressonâncias magnética dos pés de todos eles. Dos 36, 19 passaram a fazer o programa "oficial" de transição para o uso de Vibram Five Fingers (disponível no site da Vibram - veja aqui), os outros continuaram a usar tênis convencionais (grupo de controle). Ao final do estudo, ao ser repetida a ressonância, dos 19 que fizeram a transição, 10 tiveram detectados edemas nos ossos dos pés em um grau próximo do que poderia ser definido como lesão por estresse . O restante foi diagnosticado como mudanças por adaptação ao novo estímulo.

Uma boa alma me enviou o PDF com o estudo completo, que pude ler com atenção. A conclusão, bem maior do que a que está no resumo do site é a seguinte: "Apesar de vários corredores terem adotado o uso dos Vibram Five Fingers, há uma falta de de consenso do que seriam as vantagens e desvantagens dessa mudança. Esse estudo examinou o potencial de fraturas por estresse a partir da presença de edemas nos óssos e danos aos tecidos dos pés [n.e. ex.fasciia] depois da transição aos VFF durante o período de 10 semanas. O grupo de VFF teve uma significativa incidência de edema nos óssos dos pés depois desse período de treinamento, enquanto não demostrou nenhuma mudança nos tecidos. Portanto, para minimizar o risco de fraturas por estresse nos ossos, corredores que queiram correr com VFF devem fazer a transição em um período maior do que 10 semanas e adotar uma intensidade (km semanal) menor do que os corredores desse estudo."

As questões que levanto sobre o estudo são bem simples. Por que ao fazer o programa de transição não adotaram os exercícios de fortalecimento recomendados no próprio site da Vibram (aqui)? Os pesquisadores afirmarm que alguns dos corredores estariam lesionados de acordo com as leituras de ressonância magnética, mas eles mesmos admitem que os corredores não reclamaram de dores. Ao meu ver, 10 semanas de transição é um período curto e no site da Vibram, o programa é de 13. Por que fizeram a ressonância depois de 10 semanas? Será que esse edema não cederia após mais tempo? Se um dos corredores estava com um edema no calcanhar significa que ele estava iniciando a pisada com o calcanhar?

Não estou aqui para defender os VFF, mas o uso adequado deles. Eu, pessoalmente, não acho que funcione bem a transição recomendada pela própria Vibram, ou seja, inserir o uso do Vibram gradualmente na quilômetragem semanal do corredor. Principalmente se não for adotado os padrões de fortalecimento recomendados por eles mesmos, como citei no parágrafo acima. Eu acho que a pessoa pode fazer a transição que quiser, mas o eficiente mesmo é "abolir" o uso dos tênis convencionais, pois eles acabam por manter a "matelada" no chão (o que, sem dúvida, vai gerar edemas) e faz com que o corredor volte a usar o calcanhar para iniciar a pisada toda vez coloca o tênis convencional nos pés e sai para correr.

Quem já fez a Clínica de Corrida Natural, sabe que eu defendo que a melhor forma de se adaptar aos tênis minimalistas é correndo descalço. E não é só eu que digo isso. O "xiita" Ken Bob Saxton, o pessoal de Harvard e outros dizem a mesma coisa. No meu caso, foi por experiência própria. Eu quase tive uma lesão por estresse no metatarso no início da minha adaptação e só consegui me acertar quando começei a correr sem nada nos pés. Cito isso aqui. O Leonardo Liporati, colaborador do Corrida Natural, também já deu seu "parecer" sobre o assunto (aqui). A meu ver, para "sacar" como é feita a aterrisagem natural dos pés, é necessário voltar a ter contato com o chão com os pés descalços. Essa experiência facilita muito a compreensão dos movimentos, da postura, cadência, etc.

Há também um excelente artigo publicado no site Portal da Educação Física entitulado "Fortalecimento do sistema motor é fundamental para o uso de Five Fingers" com opiniões de dois respeitados profissionais do meio. Um deles é o professor Júlio Serrão, que é coordenador do laboratório de biomecânica da Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP). Já fui a uma palestra do Júlio e temos opiniões bem parecidas.

O outro profissional é o amigo Mário Pozzi, coordenador do CEFIT (Centro de Estudos de Fisiologia do Exercício e Treinamento). Já entrevistei o Mário para uma matéria "Adapte-se aos Minimalistas", que saiu na revista Contra-Relógio no ano passado (leia aqui). Nela, ele diz que obedeceu os critérios de adaptação e fortalecimento muscular da Vibram e seus atletas nunca tiveram problemas e nunca se lesionaram usando o VFF.

Voltando à matéria do Portal Educação Física, os dois profissionais alertam que é primordial o fortalecimento da musculatura quando estamos nos adaptando aos minimalistas, no caso, o VFF. De fato, quando entrevistei a fisioterapeuta Irene Davis, que tem doutorado em biomecânica e dá expediente em Harvard, ela afirmou que trabalhava a musculaturas intrínsecas e extrínsecas dos pés, ensinava os pacientes a correrem descalços na esteira e só depois de dominarem a técnica, é que "permitia" que eles usem um minimalista. Irene veio a um Simpósio de Lesões de Corrida promovido pela UNICID em dezembro de 2012. Veja aqui os exercícios que ela recomenda.

Só para lembrar, a única coisa analisada no estudo foram os "ossos dos pés" e a quilômetragem semanal. Devo lembrar que um estudo parecido, que não levava em consideração o fator lesão, os corredores com Vibram melhoraram sua economia de corrida em 7% após 4 semanas de transição gradual aos VFF (leia aqui).

Como sempre digo, é necessário paciência, pois a adaptação leva tempo para acontecer e também mais algum período para o corredor se sinta à vontade para fazer todos os tipos de treino (rodagens ou qualidade). Correr descalço sempre ajuda a compreender melhor a dinâmica da corrida e esse estudo foi bom para nos lembrar que o fortalecimento tem um papel fundamental para que a transição seja bem sucedida.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Minimalistas no Guia da Contra-Relógio

Eu e o André Savazoni somos responsáveis pela coordenação do Guia do Tênis da revista Contra-Relógio. Entramos em contato com as marcas, pedimos os tênis, selecionamos os modelos, pessoas que vão testar, coisa e tal.

Ao reunir todos os tênis para "empacotar" para o fotógrafo Guto Gonçalvez, que fará as fotos para a revista, juntei os "baixinhos" e minimalistas que estarão na próxima edição do guia e fiz um clique.

Como vocês podem ver na foto de abertura do post, há algumas novidades.

1) O Puma FAAS 350 é mais flexível do que aparenta.

2) Nike Free 5.0: teve mudanças interessantes no cabedal para melhorar o ajuste.

3) Skechers GObionic. Já falei sobre ele aqui.

4) Mizuno EVO Levitas. Um zero drop estreante com um formato diferenciado. Leia aqui.

5) New Balance 3090. Também já escrevi sobre ele aqui.

6) Saucony Virrata. Recebi um para testes e falei sobre a série nova da Saucony aqui.

7) New Balance Minimus Road Zero. A versão zero drop do Minimus Road original, que tem 5 mm de drop.

8) Hatorri LC. A versão 'laces', ou, cadarço, do Hattori tem algumas mudanças no cabedal.

9) Nike Free 3.0. Boa notícia: a forma está mais larga e aparentemente igual a do 5.0 e o cabedal está meio "flyknit".

O Guia da CR sairá em abril. Aguardem!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Adidas Boost: será que o "retorno de energia" é uma coisa tão importante assim?

Quem lê os blogs e sites que recomendo aqui, deve ter acompanhado o lançamento do Adidas Boost. A Adidas diz que irá revolucionar o mercado de running com um novo composto de entressola feito de TPU (Poliuretano termoplático) que dá 85% de retorno de energia a mais do que a tradicional espuma de EVA (Etil Vinil Acetato).

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Das questões levantadas (que eu faço coro) e as que eu tenho são as seguintes:

1) Onde estão os estudos comparativos com pessoas correndo de verdade em laboratórios de biomecânica? Como Peter Larson e Amby Burfoot disseram, não somos esferas de metal e nosso corpo tem músculo, tendões e articulações que se comportam de maneiras bem distintas. Também não somos "ovos" como na propaganda do "Gel" da Asics.

2) Maior retorno de energia se traduz em menor energia despendida na corrida? Em quanto isso afetará o rendimento do atleta? Porque esses dados não estão disponíveis?

3) Se o atleta tem boa técnica de corrida, ele realmente precisa de um calçado que melhora o retorno de energia?

4) Se a entressola aumenta o retorno de energia a níveis nunca antes vistos  "nesse país" e até capaz de baixar para sub 2 horas o recorde mundial da maratona, isso não é uma ajuda ilegal, assim como foram considerados os tênis da Spira (leia aqui)?

5) Será que essa ajuda da entressola só é útil para quem usa o calcanhar para correr (que é menos eficiente), já que na corrida natural diminuimos o impacto da corrida ao usar o antepé e, portanto, geramos menos ação e reação do solo?

6) Adianta ter um monte de "retorno de energia" se o tênis pesa 280 gramas e tem 10 mm de drop? É sabido que o peso do calçado interfere diretamente na performance do altleta...

7) O tênis custa US$ 150 nos EUA, mais caro que um Nimbus, por exemplo. Quanto será que vai custar por aqui? R$ 700?!

8) Durante anos e anos o importante não era o amortecimento (ex. gel Asics)? Por que agora, de repente, para "revolucionar" a corrida, o retorno de energia virou a bola da vez?

9) Ser mais resistente a altíssimas e baixíssimas temperaturas vai adiantar algo para nós aqui no Brasil? Deve ajudar aqueles malucos que correm os 217 km da Badwater, com certeza, pois dizem que a sola do tênis derrete por lá (a temperatura chega a 55 graus...).

Lembrem-se! O mais importante na corrida é você, o seu treinamento e a sua técnica. Você é o protagonista. O tênis é apenas um ator coadjuvante nessa história. O Danilo Balu certa vez me disse uma coisa que se aplica diretamente a essa tecnologia: "o ser humano é muito arrogante em pensar que pode melhorar algo que passou por milhares de anos de evolução e seleção natural".

O amigo Antônio Colucci, que faz parte de um grupo de corredores que recebe produtos da Adidas com antecedência, reproduziu o release oficial da marca e dá mais algumas informações sobre o tênis aqui. Mais informações no site oficial da Adidas aqui

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Clínica Corrida Natural na Velocítà Moema, no dia 23/3. Não perca!


Volto mais uma vez à Velocità Moema, em São Paulo, para ministrar a Clínica de Corrida Natural. Dessa vez será no sábado, dia 23 de março, das 09:00 às 10:30 da manhã. Se você quer aprender a correr de maneira adequada com tênis minimalistas ou descalço, não perca. A Clínica também é útil para os atletas que se lesionam com frequência ou que estão em busca de melhorar sua técnica de corrida.

Na Corrida Natural não usamos o calcanhar para iniciar a pisada e sim o antepé. Isso faz com que a corrida seja mais eficiente e, em teoria, menos lesiva, pois o impacto deixa de ser absorvido pelas nossas articulações. É possível correr com a técnica da Corrida Natural com qualquer calçado. Você só precisa aprender ou reaprender a correr dessa maneira.

Assuntos que serão abordados:

1) O que é corrida natural: estudos e evidências

2) Tênis minimalistas e corrida descalça: conceitos e adaptação

3) Técnica de corrida: os três pilares.

4) Prática: a aplicação da técnica na esteira e análise com vídeo.

Serviço:

Dia 23 de março, das 09h00 às 10h30

Quanto custa: R$ 60

Velocità Moema

End.: Rua Pavão, 342 - São Paulo, SP

Tel:  (11) 5093 4545

Logo Velocita com slogan v11

Faça sua inscrição pelo link abaixo:

Saiba mais:

Clique aqui para ver o progrograma completo da Clínica.

Clique aqui para ver como foi a Clínica de São Paulo e aqui para a do Recife.

Leia aqui os depoimentos de quem participou da Clínica e aqui para ler o que saiu na imprensa sobre ela.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Que tal correr descalço na areia?

NE: mais uma colaboração do professor Marcos Almeida.

Correr descalço ou com calçado minimalista tem se tornado bem popular nos dia atuais. Não sei qual a sua experiência neste tema mas posso informar-lhe que é muito legal, lúdico e com um grande – imenso – sentido de liberdade. Para tornar esta esta prática rotineira no seu cotidiano, cuidados são necessários. Como ponto de partida, seguir o importante Princípio do Treinamento Desportivo que é o da sobrecarga – simples e fácil, tendo somente que ser do mais fácil para o mais difícil, ou do menor para o maior relacionado ao tempo e intensidade. Relatarei a seguir teorias sobre o tema visando lhe dar subsídios para esta prática.

Em uma pesquisa americana, 75,7% dos 785 corredores indicaram que estavam pelo menos um pouco interessado em correr descalço ou com calçado minimalista. O estudo também revelou que 30,4% haviam tentado calçado minimalista e 85,5% daqueles que eram susceptíveis de continuar usando estes calçados ou andar descalço durante o treinamento, fariam com a condição de ter instrução suficiente. Esta pesquisa ainda indicou que a prevenção de lesões foi o principal fator de motivação para correr descalço ou com calçado minimalista e ainda 54% indicaram que o medo de lesão foi o fator principal para limitar a corrida descalça ou com calçado minimalista. Estes estudos mostram a importante consciência dos seres motrizes em questão, relacionadas a lesões nesta prática.

Vários autores sugerem que os pés que são rotineiramente expostas a condições de calçados são muito diferentes daqueles que seguem a filosofia do pé descalço. Diferenças na flexibilidade do pé foram observados entre usuários de calçados habituais contra os seus homólogos com os pés descalços. É extremamente importante registrar que a transição para calçado minimalista ou o “puro sangue descalço” necessita de uma progressão, seguindo os Princípios do Treinamento Desportivo, direcionando lentamente no que diz respeito a quilometragem e tempo. Casos de corredores que desenvolveram estresse de metatarso após a adoção de calçado minimalista, especula-se que o calçado minimalista foi a causa e que as alterações da marcha e reduções iniciais em volume/ritmo, como dito anteriormente, são essenciais em uma transição direcionada para treinos sistemáticos ou apenas os regenerativos.

É possível que a incorporação de calçado minimalista ou descalço em parte ou total da atividade pode levar a benefícios positivos para o corredor, tais como economia de corrida – relacionado a gasto energético – e melhor propriocepção – que é a percepção do seu corpo no espaço. Importante novamente frisar que qualquer inclusão de calçado minimalista ou descalço em seu treinamento, deve envolver uma progressão lenta e acompanhamento regular para garantir uma transição segura e evitar danos potenciais.

Uma sugestão que deixo por aqui, já que vivemos num país tropical e sempre tendo por perto praias com as suas areias, seria realizar suas corridas neste tipo de piso, visto que se estiver pelo litoral vai perceber que várias pessoas passam correndo, descalças, talvez sem saber de toda esta teoria em questão, com pouco impacto e um belo trabalho de propriocepção e ainda com divertimento garantido. Se não está acostumado a este tipo de piso, atente para as fases da pisada, buscando fugir da contato inicial do calcanhar na areia. Por ser diferente e causar desequilíbrios, seja pela areia irregular ou inclinações no piso, vai te exigir muito mais atenção na sua corrida, pois para quem está começando, é fato que o piso duro é muito mais fácil. Recomendo o uso de calçados minimalista ou simplesmente a chamada corrida natural na sua essência, os pés descalço e seguindo sempre os princípios citados anteriormente.

Bons treinos e grandes emoções!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Virrata, o "híbrido" da Saucony

De todas as grandes marcas de tênis que lançaram tênis minimalista ou aplicaram esses conceitos na linha, a Saucony foi a mais sentiu o "baque" da nova tendência. "Baque" no sentindo de que a marca decidiu rever conceitos defendidos por ela mesmo e fez uma mudança completa em sua linha. Eu conversei com um executivo da marca aqui no Brasil e ele me disse que essa mudança foi de baixo para cima.

Os pesquisadores e designers foram convencer os desde os gerentes até o presidente da marca da necessidade de mudar alguns parâmetros dos tênis e o primeiro fruto veio com a queda do drop de todos os tênis da marca. Agora, nenhum tênis da Saucony tem um drop maior do que 12 mm (na verdade, só os modelos de entrada tem esse drop) e agora é possível saber a diferença de altura entre o calcanhar e a ante-pé pois está impresso na palmilha dos tênis (12 mm, 8 mm, 4 mm e 0 mm).

O Saucony Kinvara foi o primeiro tênis da Saucony que apresentou um drop de 4 mm e é hoje o tênis mais vendido da marca americana, ultrapassando o Triumph. Depois apareceu o Hattori, um verdadeiro minimalista, com cabedal super-fino, muito flexível, leve e drop zero.

Boxe

Agora é a vez do Virrata, que considero um híbrido entre o Hatorri e o Kinvara. Teoricamente é um tênis minimalista, pois é bem flexível, leve e também é drop zero. Mas observando bem o tênis, percebe-se que ele está mais para um "upgrade" do Kinvara. Seria quase um Kinvara "drop zero", digamos assim. Até o desenho da forma, que não é muito larga, é bem parecido com o do "irmão mais velho". Mas essas semelhanças param por aí. O Virrata é mais leve (184 gramas contra 221 g), o tecido do cabedal é bem mais fino, respirável e o solado é bem diferente e muito mais flexível.

Eu tive o privilégio de ser um dos primeiros a botar as mãos, quero dizer, os pés no Virrata aqui no Brasil e fui pegá-lo na sede da Saucony, à convite da marca (foto à esq.). Fiz apenas dois treinos com ele, mas posso dizer que mesmo sendo muito espesso (18 mm) para o meu gosto pessoal (prefiro algo menor que 12 mm), o tênis é permite que se corra adequadamente com o ante-pé no início da pisada sem causar desconfortos. Acho que a Saucony vai acertar em cheio aqueles que se interessam por minimalismo, mas ainda não estão preparados ou não querem correr com pouco amortecimento.

Vou inserir o Virrata no meu rodízio de tênis e depois escrevo mais sobre ele. Ele começará a ser comercializado em março e custará R$ 349,90.

Outra coisa que mudou na Saucony é a categoria. Ao invés de "minimalista", a marca chama a linha de "Natural Series" (opa, gostei!). A linha será completada com o Mirage 3, que é o tênis de estabilidade dessa série. Ele tem 4 mm de drop e é um pouco mais pesado (246 g) que o Virrata e o Kinvara.

Veja as fotos de divulgação do tênis:

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Lista de tênis leves com peso, drop, espessura, forma e flexibilidade? Sim, nós temos.

drop

Onde encontrar uma listagem com peso dos tênis, drop, espessura do solado, forma e grau de flexibilidade? Difícil, né? Até podemos achar essas informações em sites estrangeiros, mas dá trabalho.

Por sugestão do intenauta Clebson Rodrigues, do Recife (que inclusive participou da Clínica que fizemos por lá em janeiro), compilamos uma listagem com os tênis vendidos no Brasil que pesem menos que 250 gramas para o tamanho 40 e uma série de outras informações, como peso, drop, espessura, flexibilidade e forma.

Por enquanto, há 37 tênis lá. Se faltou algum ou você tem alguma sugestão, basta me avisar! Ah, também devo dizer que essa listagem deve ser vista apenas como referência, pois podem divergir levemente das informações oficiais das marcas.

Para ver a lista, clique na aba "Tênis, Drop & Cia" ou clique aqui.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Puma faz o lançamento oficial da série Mobium em NY

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A Contra-Relógio foi convidada e eu vim à Nova York para o lançamento oficial do Puma Mobium, uma nova plataforma de modelos da marca alemã, assim como a série FAAS. O Mobium começou a ser desenvolvido em 2010 e tomou como base as patas do puma (isso mesmo, o felino do logotipo) para aplicar o conceito de contração e expansão do solado do calçado, algo realmente novo. Ou seja, o tênis se adapta ao movimento dos pés, o que a marca chama de corrida adaptiva.

Até hoje, os tênis mais modernos têm se esforçado para serem flexíveis e a Puma foi um pouco além desse pensamento. O solado é feito de segmentos independentes que são "laceados" por uma banda de borracha (Mobium band) que garante que eles voltem ao lugar após a expansão. A forma é larga e foi feita pensando para que o Mobium possa ser usado por qualquer corredor, independetemente da origem étnica. Não sei se vocês sabem, mas modelos de tênis consagrados no mundo, tem diferentes formas para alguns países. Por exemplo: um modelo vendido no Japão é tem um molde diferente do que é vendido no Brasil.

Outra coisa bacana é que o desenho do solado acompanha o forma natural do pé, portanto, há uma "ponte" na área do arco e quando o pé se expande (e alonga a fascia), o solado acompanha esse movimento - algo que eu nunca havia visto  (talvez apenas nos VFF). Minha única decepção é que o tênis tem 9 mm de drop! Ele tem 18 mm de altura no calcanhar e 9 mm no antepé, fato que o distancia do rótulo de minimalista, pois isso gera pouco feedback para nossos pés.

Agora vem a parte interessante. Hoje pela manhã, fiz a volta por fora do Central Park (10 km) e o drop afetou muito pouco a minha forma de correr. No final do treino eu estava voando e foi realmente interessante. Talvez esse conceito de acompanhar a contração e expansão dos pés sejam um negócio importante que devia ter sido pensado antes! Conversei com os designers do tênis e eles deixaram claro que essa é a primeira versão do Mobium e certamente o tênis passará por mudanças e acertos de acordo com as impressões dos corredores. Também há a intenção de deixar o tênis mais baixo e com menos drop. Bom saber!

Outra coisa que consegui arrancar do pessoal é que, por aproveitar o arco dos pés para a contração e expansão (coisa que fazemos naturalmente quando corremos descalços ou com os minimalistas), o tênis foi pensado para corredores que fazem a aterrisagem do chão com o médio-pé e não o com calcanhar, caso contrário, o corredor não aproveitará a tecnologia do tênis de uma forma eficiente.

Vou correr mais com o Mobium Elite para poder fazer um review mais completo para o Corrida Natural. Mais informações sobre o Mobium na edição de março da Contra-Relógio.

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Atualização (15/2): Segundo a assessoria de imprensa da Puma, o Mobium Elite será vendido no Brasil à partir do segundo semestre de 2013 e ainda não há previsão do preço de venda.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Em Nova York, para ver o que a Puma vai aprontar

Cheguei ontem em Nova York para acompanhar, em nome da revista Contra-Relógio, um evento que será realizado daqui há algumas horas..

Trata-se do "The Nature of Performance", em que haverá o lançamento de um produto novo da Puma, o Mobium.

Além da foto do evento (no topo), a Puma soltou os dois vídeos para atiçar a curiosidade. Ambos estão no final dessa postagem.

Pelo vídeo, o Mobium parece ser um modelo baixo, com pitadas minimalistas, até como o nome sugere. Pelo visual, dá para notar que o solado do tênis é bem segmentado para acompanhar a pisada e deve ser muito flexível, mas acredito que não seja drop zero.

Mais tarde, após dar uma corridinha no Central Park e depois de assistir ao lançamento, conto as novidades!

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A aterrissagem dos pés (e minha teoria sobre a dor no topo do pé)

Mais uma colaboração de Leonardo Liporati para o Corrida Natural.


   Neste texto vou considerar como natural apenas a mecânica de corrida na qual o antepé (ou mediopé) é a primeira parte a tocar o solo. Vou desconsiderar o estudo que encontrou a pisada iniciando pelo calcanhar em populações descalças. Inclusive tal estudo já foi tema de post anterior do Sérgio Rocha, bem como, já foi tema de post, também dele, entitulado "A tal dor no topo do pé", para a qual apresentarei minha opinião.


   Pois bem, a mecânica começando com o antepé está tão associada a corrida descalça que esta é descrita, de forma simplista, como correr na ponta dos pés ou correr com a frente dos pés. Tal descrição induz nos iniciantes duas oportunidades para tensão desnecessária nos pés. Primeiro acredita-se que o calcanhar nunca deve repousar no solo. Segundo que devemos aterrissar com os dedos. A primeira induz o corredor a permanecer todo o tempo do contato na região da almofada (bola) dos pés. Isto é um fator de stress para a panturrilha e o tendão de Aquiles. A segunda induz o corredor a apontar os dedos em direção ao chão antes do contato. Está errado. As dedos ficam naturalmente curvados para cima antes e no início do contato com o solo e, assim como o calcanhar, devem repousar no momento posterior. Apontar os dedos para baixo vai produzir bolhas e,  acredito, pode até mesmo quebrá-los! Por outro lado, não deixá-los  tocar o chão depois da aterrissagem, vai criar tensão desnecessária na musculatura extensora e/ou flexora dos dedos.


   No livro “Barefoot Running Step by Step”, Ken Bob Saxton dá uma grande ênfase a aterrissagem dos pés. Ela se inicia pela almofada, com os dedos curvados para cima. A seguir o calcanhar toca o solo quase simultaneamente com os dedos. É a sequência almofada/calcanhar/dedos (sequência 1-2-3). Usando-a você evita o que Ken Bob chama de “efeito ventosa”. O que seria este efeito? Bem, o arco do pé funciona como uma mola e é achatado ao suportar o peso do corpo. Se você aterrissasse com os dedos e calcanhar primeiro, o arco, ao ser achatado, iria empurrar os dedos para frente e o calcanhar para trás provocando fricção na pele dos mesmos e levando a bolhas.


   Ken Bob não sabe dizer se curvar os dedos para cima é algo natural, mas que pode ser instintivo. De fato, ele não deu tanta importância a este detalhe da técnica até a sua décima-nona maratona. Na oportunidade, devido a fadiga, o “instinto” não estava funcionando e bolhas começaram a surgir nos dedos. Aí ele “aprendeu” a levantá-los conscientemente e evitou a formação das bolhas.


   Indo além do guru, minha opinião é que este movimento é natural sim e está além de uma resposta apenas instintiva. Penso desta maneira, pois nunca me atentei para este detalhe da técnica até ler o livro do Ken Bob no final de 2011. Também, como disse em post anterior, não gosto de correr mentalizando a técnica e nunca corri pensando neste detalhe. No entanto, quando vejo fotos minhas anteriores (e posteriores) a esta data, me observo realizando o movimento de levantar os dedos (veja aqui). Mesmo usando uma huarache bem fininha, me vejo fazendo este movimento, como no final deste vídeo.


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   Bem, aqui vem minha teoria sobre a dor no topo dos pés. Não fiz nenhum estudo, é só minha percepção e baseada nos relatos de que descalços, e usuários de huarache, quase não apresentam tal dor mas que ela é relativamente comum em quem inicia usando VFF e outros minimalistas fechados. De fato seria falta de fortalecimento da musculatura extensora intrínseca e extrínseca dos dedos. Como considerei o movimento de curvar os dedos para cima como natural, descalços, usuários de huarache e usuários de tênis minimalista tentarão realizá-lo durante a corrida. Em quem usa huarache ou está descalço, tal movimento será realizado sem resistência. Por outro lado, no VFF ou nos tênis minimalistas o cabedal destes promoverá uma resistência ao movimento dos dedos, ou seja, será necessário maior força da musculatura extensora do dedos.


E você? Qual a sua experiência?