sábado, 26 de novembro de 2011

A arte ninja de correr descalço

Faz pouco quase um mês que uma amiga me trouxe um Kindle dos EUA. Era um dos meus maiores sonhos de consumo - um leitor de livros digitais. Segundo Michel Laub, meu amigo escritor, o bom do Kindle é que ele é feito somente para ler livros. Não dá para ver vídeos, não tem "Angry Birds", nem nada. Se fosse um tablet tipo iPad, a última coisa que eu faria era ficar lendo um livro. Até dá para navegar na internet, mas o navegador é bem limitado, e serve basicamente para você comprar outros títulos na Amazon.

O tipo de tela do Kindle favorece muito a leitura. Ele não tem retro-iluminação, ou seja, ele não é como uma tela de um monitor de computador, portando, a vista não cansa, assim como um livro normal. Mas o que isso tem a ver com a arte ninja de correr descalço?

Como você, leitor, já sabe, eu tenho feito minhas experiências com a corrida descalça, já testei algumas huaraches e outros tênis mínimos (mínimos de verdade). Mas sempre achei que limitaria minhas corridas sem nada nos pés ao "fortalecimento" do meu solado natural. Foi então que comprei o livro do Ken Bob Saxton: "Running Barefoot Step by Step" ("Correndo descalço passo a passo") e baixei para o meu Kindle.

Para quem não sabe, Ken Bob corre descalço há 25 anos, já completou mais de 70 maratonas dessa maneira e é considerado o "guru" dos corredores sem tênis nos EUA. Ele tem um site, o "The Running Barefoot" que, segundo o próprio, seria provavelmente o primeiro sobre esse assunto, já que foi inaugurado em 1997.

O livro é muito legal e faz um histórico de Ken Bob, aborda sua técnica e de forma bem simples, ensina "passo a passo" como ser bem sucedido no correr sem tênis.

Eu tenho corrido descalço a metade da minha quilômetragem semanal por cerca de um ano. Mas já tinha sacado que correr dessa maneira é um eterno aprendizado e mesmo trocando informações com outros corredores brazukas, é muito raro ter a companhia de um outro corredor que possa me observar e apontar algo que eu pudesse melhorar na minha forma de correr.

O site do Ken Bob, convenhamos, é uma verdadeira "zona". Eu nunca consegui achar exatamente as informações que eu queria por lá, por estarem em posts do tipo blog etc. Mas com o livro, foi possível concentrar as informações importantes, que era exatamente o que eu precisava.

Na leitura, descobri o que faltava para que eu pudesse correr sem machucar o meu solado natural. Uma das coisas que Ken Bob deixa muito clara é a posição da corrida: você deve ficar ereto, mas com os joelhos dobrados (mais dobrados do que se imagina) e nunca inclinar o corpo para a frente. É o que o pessoal chama por aqui de se "correr sentado". Dessa maneira, difícilmente os pés não "pousam" em baixo do seu centro de gravidade, ou de balanço, como Bob prefere dizer. E também fica mais fácil elevar (e não impulsionar) os pés e distribuir o seu peso a cada pisada.

O que acontece quando corremos assim? Algo muito revelador, pelo menos para mim. Você acaba tendo menos contato com o chão, já que as passadas precisam ser mais rápidas (pelo menos + de 180 passos por minuto) e esse contato passa a ser mais leve e menos penoso. Na verdade, não tem nada de penoso. É possível, acredite, correr em qualquer superfície assim. Mesmo com um montão de pedras e pedrinhas.

Ontem de noite - isso mesmo -  de noite, fiz uma rodagem de 10 km por um percurso que, com certeza, eu teria evitado há duas semanas atrás. Tem trechos com asfalto extremamente "choquito", calçadas quebradas, trechos sem nenhuma iluminação e outras dificuldades. Cheguei em casa tranquilo, com os pés inteiros e sem sentir dores na sola dos pés.

Cara, eu me senti um ninja!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Reflexão sobre os tênis que os atletas de elite usam e os que nós, mortais, usamos

Todos nós sabemos que os atletas de elite de corridas de ruas e maratonas usam tênis de competição. Em geral, são aqueles tênis bem baixinhos e com pouco amortecimento. E usam esses modelos não só em provas, como também em seus treinos regulares.

Grande maioria desses corredores fazem uma quilometragem altíssima - uns chegam a mais de 200 km semanais.

Treinos de alta quilometragem semanal e, principalmente, um treino para maratona é feito sempre próximo ao limite de cada um deles.

Portanto, podemos concluir que eles estão muito mais propensos a se lesionar do que nós, meros mortais. Até por causa desse volume todo de treinamento.

Nós rodamos bem menos que eles. São pouco os amadores dedicados que chegam a ultrapassar os 100 km semanais. Tem alguns que não chegam a rodar nem 30 km em uma semana.

Então, se corremos menos que os atletas de elite, supostamente estamos menos propensos a nos lesionarmos, certo? Então por que temos que usar tênis com um montão de amortecimento, proteções anti-torção e sistemas complexos de amarração?

Se todos esses aparatos nos protege, por que os atletas de elite, que correm muito mais do que nós não usam esses "super-tênis"?